30.9.06

Opções?

[Brasil pela Janela, Pedro de Caldas Gomes]

Meu partido, é um coração partido
E as ilusões estão todas perdidas
Os meus sonhos foram todos vendidos
Tão barato que eu nem acredito, eu nem acredito
Que aquele garoto que ia mudar o mundo, haha mudar o mundo
Assiste agora à tudo em cima do muro
[...]
Ideologia, eu quero uma pra viver...
(Ideologia, Cazuza/Frejat)

23.9.06

Fiat lux

[Turn on the light, Pedro de Caldas Gomes]
Donald Hall

Pale gold of the walls, gold
of the centers of daisies, yellow roses
pressing from a clear bowl. All day
we lay on the bed, my hand
stroking the deep
gold of your thighs and your back.
We slept and woke
entering the golden room together,
lay down in it breathing
quickly, then
slowly again,
caressing and dozing, your hand sleepily
touching my hair now.

We made in those days
tiny identical rooms inside our bodies
which the men who uncover our graves
will find in a thousand years,
shining and whole.

16.9.06

Umbra mortis

[Ghost Stories, Pedro de Caldas Gomes]

"Verrà la morte e avrà i tuoi occhi"
Cesare Pavese

Verrà la morte e avrà i tuoi occhi -
questa morte che ci accompagna
dal matino alla sera, insonne,
sorda, come un vecchio rimorso
o un vizio assurdo. I tuoi occhi
saranno una vana parola,
un grido taciuto, un silenzio.
Cosí li vedi ogni mattina
quando su te sola ti pieghi
nello specchio. O cara speranza,
quel giorno sapremo anche noi
che sei la vita e sei il nulla.

Per tutti la morte ha uno sguardo.
Verrà la morte e avrà i tuoi occhi.
Sarà come smettere un vizio,
come vedere nello specchio
riemergere un viso morto,
comme ascoltare un labbro chiuso.
Scenderemo nel gorgo muti.

22 marzo 1950

9.9.06

Chiaroscuro

[Alto da Serra da Arrábida, Portugal (set. 2004), Elenita Rodrigues]
Dualismo
Marco Luchesi
Teu rosto é claro se o meu sonho é escuro,
só vens me visitar quando não quero,
andas perdido quando te procuro,
se mais confio em ti mais desespero.
Se buscas o passado sou futuro,
se dizes a verdade és insincero,
se temo tua face estou seguro,
se chegas ao encontro não te espero.
Bem sei que em nosso olhar refulge o nada,
que somos, afinal, a negação
mais funda, mais sombria e desolada.
Como lograr, meu Deus, reparação,
enquanto segues longe pela estrada,
de nossa irreparável solidão?

[Poemas reunidos, Record, 2000]

1.9.06

Closer

[Sem título, Pedro de Caldas Gomes]
miragens silenciosas
de corpos corrompidos
expostos à luz crua
desejos sem abrigo
ao enganoso escrutínio
nem traço de sombra pura
[luiz antônio gusmão]